Artigo de Opinião

Desacelerar é salvar vidas: Maio Amarelo, o convite à reflexão sobre o trânsito urbano

Em um país onde mais de 30 mil pessoas morrem anualmente em sinistros de trânsito, o mês de maio se torna um marco essencial para a conscientização da sociedade. O Movimento Maio Amarelo, desde 2014, vem promovendo a cultura da segurança viária com campanhas anuais que mobilizam escolas, empresas, prefeituras, instituições e cidadãos em todo o Brasil. Em 2025, o tema “Desacelere” propõe uma reflexão urgente: por que temos tanta pressa, mesmo quando ela custa vidas?

Mais do que uma recomendação para reduzir a velocidade dos veículos, o mote deste ano sugere uma mudança mais ampla de comportamento: desacelerar o ritmo da vida urbana, reconectar-se com o entorno, com o outro e consigo mesmo. Os números deixam claro o impacto da velocidade: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a chance de um pedestre sobreviver a um atropelamento a 30 km/h é de 90%. A 50 km/h, cai para apenas 20%.

Dados da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET-SP) mostram que, após a redução dos limites de velocidade em vias estratégicas, as mortes caíram 32%. Em cidades como Londres, Amsterdã e Bogotá, zonas de velocidade reduzida salvaram milhares de vidas e incentivaram o uso de modos de transporte mais seguros e sustentáveis.

Ao longo dos anos, o Maio Amarelo tem promovido temas que destacam o papel da responsabilidade individual e coletiva no trânsito. Campanhas como “No trânsito, o sentido é a vida” (2019), com lançamento realizado na UFSM, e “Respeito e responsabilidade: pratique no trânsito” (2021), reforçaram a ideia de que a mudança começa com escolhas diárias.

O tema atual amplia essa visão, propondo uma transformação cultural: viver em cidades mais lentas, humanas e seguras — referência clara ao tema “Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana”, que busca sensibilizar a todos sobre atitudes conscientes no trânsito para a preservação da vida. A mobilidade urbana enfrenta desafios sérios, especialmente nas grandes cidades. A pressa, o estresse, o uso excessivo do automóvel e a falta de estrutura para ciclistas e pedestres aumentam os riscos.

Desacelerar é também abrir espaço para a mobilidade ativa — a pé ou de bicicleta — e para o transporte público de qualidade. É repensar o desenho das ruas e a convivência pacífica e organizada entre os diferentes modos de transporte. Prefeituras e órgãos de trânsito têm papel essencial na redução de sinistros, por meio de políticas como travessias elevadas, ciclovias, sinalização adequada e fiscalização inteligente, com foco na proteção dos mais vulneráveis.

O Maio Amarelo se fortalece como uma mobilização que transcende o simbólico: é uma convocação à mudança. O tema “Desacelere: seu bem maior é a vida” nos lembra que o trânsito é um espelho do nosso modo de viver. A educação e o comportamento seguro para o trânsito de TODOS são cruciais. A pressa não pode ser maior que a vida. Desacelerar é um ato de responsabilidade — Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana — de cuidado e de reconexão com o que realmente importa: prioridade à VIDA!

Por: Carlos José Antônio Kümmel Félix, Prof. Titular – UFSM

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